sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Coragem para ajudar


Hoje o dia  foi tranquilo, nada e anormal .
Fiquei em casa como sempre.
Estive pensando sobre o preconceito que existe contra o dependente de crack ou outra
química em geral.
As pessoas no fundo acham que o dependente faz uso porque quer se divertir.
Por isso somos chamados de sem vergonha e outros nomes mais.
Quem está de fora desconhece o sofrimento que é estar aprisionado e não ter forças
para se libertar. As humilhações que  se somam  com carência desesperada de afeto,
pedido silencioso de ajuda, sentimento de inferioridade e solidão.
Humilhações que muitas vezes parte dos próprios companheiros de uso, que fazem isto
Como uma forma de sentirem-se melhor, menos inferiorizados sei  lá.
Durante o tempo em que fiquei limpa fiz parte de uma igreja onde fiz supostamente muitos amigos  os quais eu sentia prazer em estar na companhia e de quem eu esperava uma palavra  de ajuda.
Bastaram 1 ou 2 recaídas para que eles atravessem  a rua ao me ver,  as irmãs que comiam bolo com café na minha cozinha viram as costas até que eu passe. Tratamento dado aos leprosos segundo a bíblia, Levítico 13;46. Que raio de evangelho é este afinal?
Mas voltando ao assunto o qual quero ressaltar aqui, que não existe diversão alguma, nenhum
uso apenas pelo prazer ( ao menos inicialmente) e sim por uma necessidade incontrolável,  não do jeito que a maioria das pessoas pensam.
O que existe é um interminável sofrimento. As cracolândias por exemplo são um pedacinho do inferno na terra,do qual eu não tenho nenhum orgulho de ter conhecido ainda que por pouco tempo.
Não estou dizendo que se tem que apoiar o uso mas sim ser um elo forte na corrente do amor
Exigente, um porto seguro a quem está disposto a parar e busca ajuda.


2 comentários:

  1. Muitas vezes o que um dependente quimico precisa é um abraço, um afago, apenas ser ouvido.
    "Me ame quando eu menos merecer, que é quando eu mais preciso"

    Eu não sou a favor das pessoas que criticam um dependente quimico, costumo dizer, que jamais saberemos os sentimentos, os pensamentos que os levaram a consumir, mas independente disso, termos que ser fortes para ajudá-los a sair desse mundo.

    Enquanto aos evangélicos, perdoa-os porque não sabem o que fazem e não tem conhecimento algum nessa área.

    Só por hoje companheira.
    Grande abraço.

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  2. Oi Mari,obrigada por sua visita e suas tão serenas palavras, saiba que seus comentários são muito importantes para mim.
    Quanto aos evangélicos quem sou eu para julga-los? Se o fizesse estaria agindo de forma igualmente ignorante do próprio evangelho.
    TAMUJUNTU.
    SPH.

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